sexta-feira, março 09, 2007

Memórias de um Carteiro

Só ao meu terceiro dia como carteiro conheci o meu chefe. Estávamos todos em fila, encostados à parede. Na secretária tinha uma folha com os nossos nomes e as nossas fotos. Um lápis vermelho e um lápis de carvão em cima da folha. Falou do respeito, da autoridade, do respeito e da autoridade. Quando íamos a sair lembrou-se de um tema que lhe era caro e que ainda não tinha sido abordado, o respeito e a autoridade:
- Quem está mal, muda-se!
Não disse nada. Não me apeteceu arranjar chatices logo na primeira semana. Mas o Luís, antecipou-se:
- Sr. Cebola, quem está mal muda. O chefe olhou-o severamente, pegou no lápis vermelho e escreveu qualquer coisa com traço grosso à frente da sua foto. Não importava. Para nós começou ali a construir-se um herói, um herói para os nossos dias cinzentos.

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