sexta-feira, abril 27, 2007
Animador
Tenho um pequeno salpico de dor na alma: gostava de fazer mais, um pouco mais, pelo que me rodeiam. Não é deixar uma marca. Isso já passou. Agora só queria ajudar algumas pessoas a tirarem algumas marcas mais fortes, mais gravadas na carne. É um desperdício que não saibamos o que andamos a fazer neste mundo e que soframos com isso. Devíamos sempre andar a dançar como os anjos, foder como os cães e rir como os loucos. E nos intervalos ouviriamos música, exorcizávamos os nossos fantasmas, íriamos à praia, dançávamos como os cães, fodíamos como os anjos e riamos da nossa loucura. A dor que cada um transporta torna o mundo mais doloroso para todos nós também. Não nos apercebemos disso logo, mas acredito nisso. Por isso, trabalhar para desfazer-as-marcas-na-pele-da-vida-dos-outros pode ser um projecto de uma vida. Quando era criança queria ser missionário. Depois descobri a força, a magia da palavra animador. No outro dia uma professora quiz entrevistar-me para falarmos do meu percurso enquanto animador ( só fiz uma meia dúzia de coisas nesse campo mas como sou bom no falar abrilhanto qualquer trabalho mais ou menos académico). E lembrei-me de que há vinte e quatro anos estava eu a descansar no Jardim da Gulbenkian, aparece-me uma jornalista do Diário Popular a fazer-me uma daquelas entrevistas rápidas em que apanhavam pessoas desprevenidas na rua. Cá em cima aparecia o nome e a profissão. Na minha surgia, animador sócio cultural. Já experimentei muitas actividades. Gosto por exemplo de dizer que sou dramaturgo mas não só isso não existe como a única coisa que agora escrevo de forma regular é isto, estes textículos (como dizia o Luís Pacheco). A única coisa que em mim brilha é esse caleidoscópio de possibilidades contidas na palavra animador.
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1 comentário:
Pela tardinha "dançávamos rindo, fodíamos como loucos e riamos como cães alados"...para dismistificar as ideia que os anjos não riem, ou riem pouco e que os cães não vão para o céu. Que os loucos são entendidos na esfera da cambalhota, é assunto mais que acente.
Maria joão
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