sexta-feira, abril 27, 2007
João Perry, as entrevistas
Ontem a Elisabete França trouxe-nos uma boa entrevista com o João Perry a propósito da sua estreia no Teatro Aberto (gostei quando ele mostrou o seu afecto pelo Teatro da Trindade enquanto espaço). E hoje, num Ipsilon bem suculento, Maria José Oliveira entrevista também este grande actor. Há algo de raro nele. O teatro é o paradigma do movimento, do ser e estar em movimento. Por isso às vezes é tão frenético, tão literal nesta apologia de tudo o que se mexe, ou melhor, na absoluta necessidade de imprimirmos movimento a tudo o que existe. A maior parte dos actores cai nesse engodo. São muito exuberantes nesse excesso de movimento. Adoptam sem questionar o mandamento máximo de "o espectáculo não pode parar!". Pode sim, é o que nos diz João Perry. O estar sempre a trabalhar, o fazer tudo sem critério, torna, a longo prazo, os actores desinteressantes. O palco é essa confluência à procura de equilibrio entre a agitação do mundo e o seu silêncio. Não há teatro sem poesia.
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1 comentário:
Ouvi em tempos uma pequena dissertação acerca do teatro tradicional japonês, em o actor mais bem pago era o que desempenhava o difícil papel de representar a sombra. O actor “sombra”, era tão melhor, mais bem sucedido, quanto menos fosse sentido a sua presença no palco. Achei o conceito absolutamente fantástico, de uma sensibilidade artistica tremendamente afinada.
Maria joão
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