sábado, março 08, 2008

Ou ela ou a Educação

Já aqui falei várias vezes da minha admiração pelas qualidades pessoais e intelectuais da ministra. Na minha modesta opinião era expectável que com tantos pergaminhos se esperasse que Maria de Lurdes Rodrigues tivesse a habilidade política para perceber que a única razão política de que se podia valer era a renúncia à estratégia política do seu ministério. Não é razoável que uma ministra pretenda implementar um sistema de avaliação para melhorar a carreira profissional dos docentes e tenha deste modo, contra si, uma grande parte da classe a quem quer dar benefícios maiores que aos restantes trabalhadores da função pública. Claro que a ministra pode lamentar-se da manipulação dos sindicatos, da forma torpe como muitas das questões foram apresentadas pela comunicação social. O problema, é que mais uma vez esse é um aspecto cujo ónus recai sobre ela. Foi ela que deixou que uma classe profissional que tem mais sindicatos a representá-la do que a maior parte das outras, tivesse uma tão grande união e fosse manipulada e instrumentalizada. O que não é sustentável é que sobre as escolas recaia este desânimo, este luto. E constatada a inabilidade de Maria de Lurdes Rodrigues para renunciar à sua estratégia, há alguém, com maiores responsabilidades políticas que Maria de Lurdes Rodrigues, que tem de renunciar a ela. Ou então Sócrates já começou, mesmo que o não saiba, a era pós-socrática. A ironia da questão é que tenha de ser um homem que caiu do poder porque não percebeu a tempo o impacto que tinha a teimosia de um ministro face ao levantamento popular na ponte 25 de Abril, a repetir a Sócrates o fantástico ensinamento que esse levantamento lhe confiou.
[imagem roubada da Isabela de O Mundo perfeito]

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