quarta-feira, junho 04, 2008

Menos Estado, melhor Estado

Nos últimos seis anos vi crescer um discurso contra a função social e política do Estado. Esse discurso, radicalizado pelo governo de Durão e Portas, não produziu à altura substantivos ganhos na redução da despesa pública. Terá a ver com muitos factores, como em tudo embora não deixe de ser curioso, mais uma vez, como já tinha acontecido com a dupla Soares-Constâncio, que tenha sido um governo do partido socialista a mostrar maior empenhamento e resultados nesse domínio. Uma das razões que para mim se reflectem na incapacidade dos discursos políticos que são feitos contra o Estado se traduzirem numa prática política que o reforme e o agilize, é a de que coabitam com uma esquizofrenia política: por um lado grita-se contra o Estado, por outro lado continua-se a preencher os lugares públicos (e até a gerar outros, com a função implícita de reformar (destruir a sua função social) o Estado e que depois ficam pendurados no vazio da Administração Pública. É um lugar comum dizer-se que tem de haver menos Estado e melhor Estado e essa fórmula tem uma retórica imbativel. O que ainda não se percebeu muito bem, ou pelo menos não foi vertido com clarividência para a nossa prática política é que para reformar o Estado a ponto de o tornar mais ágil tem de se acreditar na função política e social que ele desempenha. É que só isso é que permite que a longa mancha da Administração Pública possa começar a ser resgatada da clientelagem que vive à sua sombra.

2 comentários:

apicultor disse...

Se posso concordar que o estado não é, em geral, bom administrador,julgo que nos tempos presentes se impõe mais estado, e esse assunto não pode deixar de ser discutido.Julgo que a economia é um assunto demasiado sério para ser deixado ao chamado "mercado" e que são tempos para o regresso do estado ao controlo dos sectores fundamentais da economia, nomeadamente através de renacionalizações. Ou acreditam que não teria influencia no preço dos combustiveis se um governo começasse a falar em nacionalisar a Galp?
Porque é que esta questão passou a ser um tabu? A quem é que interessa a ideia corrente de que isto é arqueologia politica? Aonde mora a esquerda, que á excepção de Soares e Alegre, não ousa questionar este caminho?

sete e pico disse...

ai que saudades que saudades que saudades de dançar contigo e com os nossos amigos e amigas esta musiquinha que puseste aqui ao lado.Boa noite B leza!!!