terça-feira, julho 21, 2009

Manifesto de cidadãos

Ao assinar este manifesto de cidadãos deixei expresso um comentário onde aludia a
" algumas dimensões de uma política cultural que me parecem essenciais. Uma delas é de haver uma definição de políticas activas do Estado em relação às práticas culturais e artísticas feitas por amadores, integrando-as, correlacionando-as, cruzando-as, interligando-as, com os restantes dimensões da actividade cultural e artística.Um exemplo prático: por todo o país, o associativismo cultural e artístico ligado à música, ao teatro, à dança, à etnografia, ao folclore, às expressões plásticas, imagem, entre muitas outras, absorvem uma energia, uma disponibilidade, uma entrega que é comummente aceite como um tempo que reverte para a construção da nossa identidade colectiva e comunitária, num processo que se associa, para muitos de nós, à vivência de uma cidadania mais activa, mais participada, mais co-responsável. Sabendo o quâo dificil é para a logística do quotidiano a gestão dos tempos de não trabalho, porque não consagrar no código de trabalho esse reconhecimento da comunidade para com os seus "carolas", para com os seus dinamizadores e animadores, incentivando a este tipo de participação? Quando me refiro a inscrição de políticas culturais activas para estas actividades culturais feitas por amadores, não apelo directamente à expansão do modelo do subsídio em vigor para as actividades artisticas de natureza profissional e considerado muitas vezes a sua componente principal. Estou a dizer em primeiro lugar cartografar estas actividades, colocá-las no mapa da actividade artistica e cultural, potenciando a sua articulação com o tecido profissional , com a academia, com a educação, assumindo que a sua grande importância para a vivacidade e o dinamismo das nossas comunidades o será tanto mais quanto elas forem capazes de ser, para além dessa escola de desenvolvimento pessoal e cultural dos cidadãos que nele participam, lugares onde a comunidade se projecta, se reconstrói, de partilha, naquilo que é a sua identidade, as suas histórias, o tempo que passam juntos uns diante dos outros, e em que isso seja o procurar de formas próprias de expressão e não apenas a mimetização, a reprodução e a valorização acrítica do que de melhor - e muitas vezes o pior- conseguem captar da actividade artistica e cultural de natureza profissional com a qual convivem de forma ad-hoc, sem apoio. Estou a falar de introdução de dispositivos de solidariedade cultural que acabam por dar um melhor impulso á actividade cultural e artística no seu todo. Estou a falar de se reconhecer como um valor a forma como cada um de nós, sozinho ou em grupo - independentemente de fazer disso a sua profissão - não abdica da arte e da cultura para fazer da sua vida e da comunidade onde se integra, uma festa."

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