O mapa das catástrofes naturais internacionais, onde a ilha da Madeira já tem infelizmente um pin, tem duas cores. Uma, a vermelho, assinala os lugares onde a imprevisibilidade climática é cada vez mais perturbadora. Outra, a negro, aqueles onde a incúria e o mau governo jogam à roleta russa, tendo por bala as alterações climáticas, e alvo, a comunidade. Quando as duas se associam, como aconteceu no Haiti, há um crescimento exponencial do número de vítimas da fúria da natureza. Não sabemos o que se passou na Madeira, até porque há um véu sobre a lama, o lixo e destroços. Os próprios mortos. É sempre o mesmo procedimento: a criação de um pathos que suspende o pensamento crítico. Têm toda a razão aqueles que acham que o momento não é para criar perturbações no sentimento de solidariedade que varre o país. Mas a sua razão seria mais forte se mostrassem que as manifestações de solidariedade não servem para suspender iniciativas politicas que não têm directa influência sobre o apoio e a ajuda para a reconstrução da Madeira. Tudo isto só ajuda a transmitir a ideia de que a guerra das finanças locais não tinha assim tanto sentido e era, aliás, um episódio de uma guerrilha institucional entre governantes regionais e nacionais.
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