O Rui Tavares lança, como uma questão recorrente, a pergunta que anda de boca em boca, nem sempre pelos melhores motivos: O que é que nós ganhamos com isto? Confesso que quando vi a Inês Medeiros aparecer na lista de deputados do PS, para além da maior simpatia que tenho por ela, e onde se inclui o reconhecimento como actriz e realizadora, fiz a mesma pergunta. Não foram precisos muitos meses de assento parlamentar para ter percebido a resposta, através da sua proposta sobre os chamados precários. É uma situação que só aparentemente é de incidência minoritária. Ou seja, só o é se nos ativermos ao campo da produção. Porque se percebermos os seus reflexos no campo da recepção cultural, então estamos a falar de um campo de influência que nos integra a todos nós enquanto comunidade. É mais um cerco, e dos fortes, aos já muitos, com que se debatem aqueles que se dedicam à área cultural e artística. Para os quais, na sua grande maioria, a chamada precariedade, é condição permanente, acabando assim por, paradoxalmente, verem agravadas as suas obrigações fiscais. É claro que para a visibilidade política desta questão, que está integrada numa dinâmica internacional, contaram, de forma decisiva, as iniciativas politicas dos chamados movimentos dos precários e dos recibos verdes, e de forças como o Bloco de Esquerda. Isso não impede que, quando voltar a olhar Inês Medeiros no Parlamento e me perguntar, mas afinal o que é que nós ganhamos com isto?, seja natural que a resposta me venha em forma de sorriso reconhecido.
2 comentários:
Lambe botas!
É uma forma de ver as coisas. Eu, como há alguns anos, tive de pagar muitas centenas de contos para regularizar a minha situação perante a segurança social, pagando em contribuições um valor bastante superior ao que eu tinha auferido globalmente, não considero isto lambe-botismo. Até porque, como eu refiro e face a tantos que se empenharam na resolução desta questão, muita bota teria eu de lamber.
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