quinta-feira, abril 01, 2010

O Partido da Vitamina C

É nestes momentos que é mais difícil ser de esquerda: como resistirmos à tentação de aproveitar a circunstância de Paulo Portas ter assinado o decreto da compra dos submarinos para não lhe atirarmos lama para a cara? Há muito justo ressentimento, muita suspeita de que este personagem político tenha sequestrado o Estado para as suas manipulações políticas, para que esse ódio não transpareça agora, mesmo se não directamente. É nestas alturas que eu percebo o ódio a José Sócrates e a onde ele pode levar no exercício de ressentimento dos povos da direita. É a mesma coisa que nós diríamos de Paulo Portas se não fossêmos de esquerda e não tivéssemos por garantido que ganhamos dignidade quanto respeitamos a dignidade do outro. Esperar que Durão Barroso e Paulo Portas digam o óbvio é folk-politic. Quando é que nós aprendemos que há mais um partido no imaginário político português e que ele recruta os seus filiados em todos os partidos? O partido da Vitamina C. C de corrupção, c de cunhas, c de compadrio, c de cambalacho, c de cara de pau, c de comissionista, o suplemento alimentar para desonestos autarcas, politicos, funcionários públicos, dioceses, maçonaria, opus e demais equipa. Se Durão Barroso e Paulo Portas fossem corruptos, não o seriam enquanto responsáveis políticos, um pela Europa, outro pelo PP. Seriam-no como destacados dirigentes do Partido da Vitamina C. Ora estes não só têm a tão falada presunção de inocência - que o nosso sistema judicial inverteu para a sentença, todas as pessoas têm direito à presunção de inocência sendo que de todos inocentes nós temos o direito de presumir culpa - como podem ainda disfrutar do direito a não se incriminarem, o que naturalmente fariam se, nestas tão solicitadas declarações politicas, dissessem algo que os pudesse revelar como militantes do Partido da Vitamina C. Ou alguém que pediu uma declaração de Portas e Durão, estava a pensar que, se eles fossem corruptos, iriam bater no peito e confessar que andaram os dois a subtrair milhões num negócio do estado? Não, o que se queria é que eles entrassem neste folclore sujo do circo mediático em que, tal e qual como na inquisição, o processo é feito com toda esta dança de bruxas.

É preciso dizer basta. Havemos de os derrotar de outra maneira, companheiros!

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