Ferro Rodrigues, o cabeça de lista por Lisboa, disse que deverá haver acordo pós-eleitoral mas que é completamente impossível fazê-lo à esquerda porque esta se aliou, no último ano e meio, à direita para derrubar o PS.
Confesso que li, reli, tresli, e não consegui apanhar nenhuma lógica no pensamento de Ferro Rodrigues. Quer dizer que para ele o PS, se ganhar, tem forçosamente de fazer um acordo pós-eleitoral e que esse acordo só pode ser feito à direita. Deigo desde já que quando se parte assim para uma negociação, parte-se vencido. Ou seja, o PS assume a necessidade de fazer um acordo com a direita. Poderá ser com o CDS ou com o PSD, depende da expressão eleitoral de cada um dos partidos.
Eu até admitiria que o PS pudesse ter em cima da mesa um cenário de acordo com o PSD ou mesmo com o CDS. Os partidos à sua esquerda já fizeram questão de dizer que não há convergência com o PS de Sócrates. Por outro lado o governo pediu ajuda internacional e os partidos à sua esquerda fizeram como se isso não se tivesse passado neste país. São motivos plausíveis para inviabilizar um acordo mas as posições pré-eleitorais já se percebeu que são para inglês ver. O próprio Passos Coelho já admitiu que não fará acordo nenhum com José Sócrates.
O que me parece muito pouco razoável, e principalmente num político como Ferro, é assumir um ressentimento com a esquerda e não o assumir com a direita. Muito pouco razoável e capaz de fazer o PS perder os votos que poderia ganhar com a inclusão de Ferro como cabeça de lista. Porque se até Ferro mimetiza o ressentimento do líder, então o PS ainda está pior do que parece.
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