- É como uma máscara que se te colasse à pele. - disse-me Amélia, uma personagem que acabei de inventar para me sentir menos só e cujo nome roubei ao primeiro grande amor da minha vida.
- O problema é que se arrancares a máscara, vem a tua pele agarrada.- respondeu Pat, outra personagem inventada, agora já não para fintar a solidão mas para me vingar daquela mulher que fazia amor comigo num divâ.
Tenho vozes dentro de mim. E quando não as tenho invento-as. Estou tramado. Ando aqui às voltas, como se fosse uma bicha de rabiar.
- És um gajo honesto. - disse ela, desprezando as outras duas.
Nem me dei ao trabalho de lhe dar um nome. É uma treta, não sou nada honesto nem quero ser. Não quero ser nada. Estou farto do teatro do ser. Merda das identidades.
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