terça-feira, abril 03, 2007
A vida dos outros
Não sei se a vida dos outros é um filme. Parece mais um poema. Visão cruel e realista sobre a Stasi, os seus métodos. Sobre o regime comunista da antiga República Democrática Alemã. Mas também um longo poema sobre um homem que descobre que a Stasi está a servir para alimentar os interesses corruptos de um alto membro da nomenclatura do Partido e que começa a desfazer a própria urdidura que montou. E que acaba por pagar o preço da sua deslealdade, sendo desterrado para um posto onde a sua missão mais relevante é abrir cartas com vapor. As coisas nunca se passaram assim. O agente HGV, nunca existiu. Mas podia ter existido. E sabermos que podia ter existido não desmancha o terrífico que é sabermos da nossa capacidade de montarmos uma engrenagem tão triste, tão infeliz e tão cruel como a Stasi. Sabermos isso é apenas um poema. Um belíssimo poema.
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3 comentários:
Desleal? ou tornou-se num homem bom? olha que eles ainda andam aí...
as duas coisas, :). desleal para com a nomenclatura do Partido, leal à luz que o iluminou.
O teatro não vi(mas tenho pena), escrevi apenas a partir do sentido das palavras que li aqui escritas, já este filme sim. A poesia(sim, luz) toca-o e depois desse toque ele já não pode ser mais o mesmo, torna-se mais e mais e aos bocadinhos num homem bom. Imagino que pode ser esse o segredo...transformar pela poesia, mas não sei, não tenho a certeza, é uma hipótese...
~CC~
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